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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

De novo o Ferrolho



Benvindo a Guebuzistão.
Deixe-me, em primeiro lugar e com toda sinceridade, felicitar a Frelimo e o seu respectivo candidato, e também os membros e simpatizantes pela vitória. Importa referir que, de certa maneira, a mesma reflecte a organização e a vontade de povo.
Entretanto, porque os números falam por si, tenho de reconhecer - sem dor, mas com afecto - que é uma vitória esmagadora. Humilhação política. Para estupefação dos analistas políticos e dos prognosticadores. Para alegria de um pouco mais 3 milhões de “guebuzineses”, meus irmãos nacionais. Mas para o desagrado, muita dor e escândalo, desprezo até, da maior parte da população que, por alguma carga de água, abdicou de exercer o seu direito de voto, além dos que votaram noutros partidos.
É, sem dúvida, alarmante o número das abstenções somadas aos votos nulos. Para a vergonha dos vencedores que o são, porque têm como fiéis servidores, na sua mão direita, o Poder económico e religioso e, na esquerda, as instituições do Estado e os seus respectivos vassalos cientificamente concebidos e preparados para cantar hossanas e executar todas as dementes decisões.
Ainda, no seu generalizado subdesenvolvimento político moçambicano e até mesmo exagero e cegueira partidária, há quem não vá entender patavina dessa vitória retumbante. Pelo contrário, continuará a pensar que a verdade está com o vencedor e, por essa razão, dentro de alguns dias, vai-se assistir aos indivíduos sem espinhas dorsais a felicitar, aclamar e correr atrás de favores do vencedor. Numa palavra, agastados por comer até à náusea, xima com cacana, eles se venderão por um prato de arroz com feijão.
Evidentemente, os parabéns, os aplausos, o champanhe, os vivas, hossanas irão para o vencedor. E, para os vencidos, obviamente, só lhes restará insultos e escárnio e até abandono.
Ninguém se lembrará das promessas feitas na campanha eleitoral, que veio desaguar nas eleições de 28 de Outubro. Promessas essas que não têm nenhuma garantia de virem a ser cumpridas a curto, médio e longo prazo, nem pelos que venceram as eleições passadas, nem, muito menos, pelos que lhes sucederem o trono. Ninguém nos garante que semelhantes promessas venham a ser efectivamente concretizadas. O que algumas pessoas não querem entender é que os seus pseudo-políticos profissionais são todos compulsivamente mentirosos e corruptos, especialistas em ampliar os seus negócios à custa do suor e da dor do povo e, ainda como se não bastasse, se farão passar por benfeitores aos moçambicanos.
Face a essa situação, o que faz o povo? Nada. Excessivamente nada. Ou seja, faz o pior: continua desenfreadamente a votar neles e a respeitá-los, em lugar de lançar plásticos cheios de dejectos sobre eles.
Tudo que nos é dado a ver, até ao enjoo, inequivocamente, é Corrupção e Perversão Organizada em todo o seu esplendor.
A maioria absoluta, contrariamente ao que pensam alguns cérebros formatados que se regozijam com isso, significa o desaparecimento da Política praticada de forma maiêutica pelo Povo e, no seu trono, indubitavelmente, ficará o Poder-Político-Partido-Corrupto e o seu pai e a sua mãe Hipocrisia e Mentira, respectivamente.
Não demorará para que o Parlamento se torne num covil de mercenários sem escrúpulos nenhuns preocupados em fechar grandes negócios para engrandecimento das suas empresas criadas, propositadamente, para lavar dinheiro sujo.
Com a maioria absoluta, só haverá exploração, opressão, repressão, dominação, ostracismo e até excomunhão. Não haverá lugar para o Povo. Sem dúvidas. O Povo não terá voz nem vez. Veremos seres miseráveis de mão estendida a vida inteira. Metam isto na cabeça e, se for possível, no âmago do vosso coração.
É bastante duro o que acabo de dizer, não é? Claro que sim. Mas quem disse que a Verdade é ossinho fácil de roer? Alguma vez a Verdade foi suave? Na verdade, a Verdade é papinha dificil de engolir.
Vejam Moçambique de forma desapaixonada como eu de vez em quando o vejo e verão a realidade invisível aos olhos dos tolos e pobres de espírito que nem sequer conseguem ver a cordilheira à frente dos olhos, mesmo que as montanhas lhes caiam por cima e lhes esmaguem, são incapazes de ver.
Portanto, parabéns aos meus compatriotas. Parabéns pela escolha mais do que acertada. Há que reconhecer. Parabéns! Aos vencidos, preparem-se melhor a todos os níveis, se não querem voltar a engolir camelos. Até 2014.
Amo-vos muito, meus conterrâneos nacionais!
Fiquem com a minha paz.


Vosso irmão, SHIRANGANO.

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