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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

QUANDO OS POLÍTICOS NÃO TÊM JUÍZO O POVO É QUE PAGA!

Reacção!

Este artigo visa responder à ‘provocação’ editada no jornal @verdade, Nº 071, de 05 de Fevereiro do corrente ano na página 7, na coluna SELO D’@VERDADE, com o título “Quando os políticos não têm juízo o povo é que paga!”, e no blog http://www.shirangano.blogspot.com/,  da responsabilidade do senhor Shirangano.

Antes de retorquir sobre a pergunta que o senhor Shirangano lança no fim da sua patuscada e arenga anti-política e anti-partidária, que transcrevo “Uma pergunta deixo no ar: será que este regabofe vai terminar um dia e o PR pode e quer fazer alguma coisa?”. Gostaria de despir o seu artigo/carta, parágrafo por parágrafo e mostrar algumas indignações que o artigo suscitou em minha pessoa (na qualidade de académico e parte integrante do ‘povo’):
1. A linguagem é a mais poderosa droga usada pela humanidade, dizia certo poeta, e pelos textos que já pude ler do senhor Shirangano, exibe qualidades de ser um autêntico manipulador delas, o que no entanto, não evita, como acontece com qualquer outro, que as palavras se tornem uma pedra de tropeço ao pensar. As palavras, meu caro, valem pelo que explicitamente dizem e pelo que não explicitamente (ou implicitamente) dizem. Se o líder do partido Renamo é algum troglodita ou humanóide não evoluído, isso não sei, mas lamento bastante o facto de ter a coragem de ter escrito que “é impossível humanizar o líder da Renamo”. Não sou apologista deste partido ou de outro, nem do seu inconfundível líder, mas não deixa claro porque o apelida de “não-humano”; acha que um punhado de promessas não cumpridas ou acções não muito corriqueiras fazem valer o nome que atribui? Ou ainda, teria o senhor Shirangano aplaudido se o líder da Renamo tivesse cumprido com a sua palavra de incendiar o país, ou fazê-lo pegar fogo/ arder (como queira)?

2. Desde a formação do primeiro Governo de Moçambique que a tónica principal têm sido a redução/erradicação da pobreza. O senhor ou conhece muito pouco a história social e económica do país ou ignora o esforço do ‘povo’, do qual o senhor faz parte, na luta contra a pobreza. Deixe-me recobrar-lhe alguns elementos: A pobreza é uma questão de privação, afectando o bem-estar das pessoas. No seu texto, descreve o combate à pobreza absoluta como “mítico”. No caso de Moçambique, a pobreza tornou-se objecto específico de inquietação a partir de 1989, no segundo ano do Programa de Reabilitação Económica (PRE), no contexto da actividade dos doadores que levaria depois à transformação do PRE em Programa de Reabilitação Económica e Social (PRES). Em 2001, a questão da pobreza em Moçambique, conduziu à aprovação pelo Conselho de Ministros do Plano de Acção para a Redução da Pobreza Absoluta (PARPA), quem se tem continuado até hoje, assim como tantos outros dispositivos legais quem visam o mesmo efeito. Serão “míticos” esses esforços?

3. No seu terceiro parágrafo, o senhor Shirangano declara que os discursos do PR “não passam de projecções (…) ou de um documento de matriz poética”, elaborados por “assessores estagiários de muito mau gosto”. Ora, senhor Shirangano, existe uma clara e abismal diferença entre um discurso e um relatório. Para cada discurso, sua ocasião; ou não terá prestado atenção devida no dia da tomada de posse, pois, algumas “rectificações foram mencionadas”. Porta-se muito mal o senhor ao considerar que o Governo e o PR são assessorados por estagiários. O que o leva a assim pensar? O que esperava? O Governo não é uma empresa privada ou ONG sem fins lucrativos de quinta categoria, para que os seus assessores sejam estagiários. Escreve essas “bobagens” em pleno gozo de faculdades mentais, ou em estado de quimera? É inconcebível! Terá provas do que escreveu? Pois, aconselho-o a ler uma das edições ou volumes do livro “A NOSSA MISSÃO – O COMBATE CONTRA A POBREZA”, uma colectânea de discursos de sua Excelência Armando Emílio Guebuza, proferidos no seu anterior mandato. Quem sabe depois, poderá fazer uma análise de cada um ou dos seus posteriores discursos, pois acredito eu, que não tem sequer um discurso escrito ou gravado do Governo ou do PR.

4. O seu extremismo exacerbado denota uma raiva política e governativa fora do normal. Respeito o direito à liberdade de pensamento e expressão, mas o senhor profana a integridade do político e do pacato moçambicano compatriota, como seres humanos. Até concordo consigo em alguns pontos do seu quarto parágrafo, mas acha que realmente a maioria dos moçambicanos apresenta um “subdesenvolvimento cultural”? O que realmente pretendia dizer? Seja qual for a sua qualificação académica ou cor da sua cútis, meu caro compatriota, não existem culturas inferiores ou superiores, umas em relação às outras! Sua opinião é arcaica e etnocentrista. Como é que os políticos produzem a pobreza e os pobres? Perdoar-me-á o senhor, mas eu e muitos moçambicanos leitores somos culturalmente subdesenvolvidos, e não sabemos compreender as entre linhas!

5. Meu caro Shirangano, não existe dúvida que o país registou um ou vários crescimentos, em diversificados sectores. Isso não vê quem não quer e não aceita quem é bastante céptico e derrotista. Diversos dados podem ser colhidos nas instituições públicas e ONG para comprovarem tal (tais) proeza (s). Quanto à questão dos telejornais, novelas e jornalistas medíocres, o senhor gira no mesmo eixo ao pretender que os assessores de informação do Governo ou do PR são os jornalistas ou não-jornalistas metidos à jornalistas maus e medíocres que sem opções, vemos a desfilar a sua podridão opinativa nas telas. Com excepção do canal público, os outros canais são passam de sensacionalistas a procura de audiência. Culpe o mercado capitalista.

6. Para si, os cargos públicos são simples “vadias” propensas ao “chulismo”, trás de novo o conceito de “cabritismo”. Não o censuro, mas não é tão simples assim. Os anúncios e concursos públicos existem, cumprem fundamentalmente o papel de evitar que tais desmandos aconteçam nas organizações públicas (Decreto 30/2001; Decreto 45/2003; Decreto 54/2004).

Voltemos a sua pergunta, “será que este regabofe vai terminar um dia e o PR pode e quer fazer alguma coisa”?

O título do seu texto até que é bastante sugestivo, e em certa dose, talvez revestido de verdade. Contudo, acha realmente ser este o caso de Moçambique? Para quem conseguiu compreender a sua missiva, não precisa terminar o texto para descortinar o real intento dela, lamentar a maioria absoluta parlamentar do Partido Frelimo e “puxar orelhas”, mas bem puxadas, ao incomparável líder do Partido Renamo. Quem é que não tem juízo, ele!? Todos os políticos, hein!? E o que diria no caso do Zimbabué ou Somália, ou Madagáscar?

As observações que faz, se não fossem revestidas de uma verborreia tão pouco apartidária, surpreendente e acima de tudo, eloquente, característico do jornalismo português (de Portugal), até que teria certa ênfase, mas tanto quanto eu, o senhor assume igualmente ao nosso homem do povo, Azagaia, um partido, e defende as suas cores ou mostra que simpatiza com as outras. Se o regabofe terminará um dia? Sim, estamos em bom caminho. Ora, se o PR pode e quer fazer alguma coisa? Claro que sim. Não viu as realizações do seu primeiro mandato? Desde que o Chissano deixou o poder, não conseguiu ver nada de novo? Espere para ver durante estes novos cinco anos, mas o antecipo desde já: fique atento, e acredito que o seja; o Orçamento Geral do Estado (OGE) e o Plano Quinquenal do Governo 2010-2015 (PQG) serão as primeiras e as mais importantes ferramentas que podem testemunhar que o PR e o seu Governo, “querem e poderão fazer alguma coisa”.

Obrigado e abraços ao Shirangano.

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